Atropelamento

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Silvia estava impressionada com a violência do acidente. Nunca vira coisa igual. Foi tudo muito confuso e rápido para ela, mas, pelo que tinha entendido, o coletivo passara batido pelo farol fechado, perdera o controle e, subindo na calçada em grande velocidade, atingira uma mulher que estava exatamente ao seu lado.
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No chão sobrara um rastro de sangue e carnes disformes, além de rolos emaranhados de roupas da pobre mulher arrastada, presa sob as rodas do ônibus. As pessoas gritavam e se aglomeravam, tentando abrir espaço para enxergar a desgraça. Silvia, na confusão, fora parar em cima do teto do ônibus, e, agora, sentada ali, assistia a tudo como de um camarote.
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Os policiais, que chegaram ao local com grande presteza, procuravam afastar a multidão e dar jeito na situação. Foi então que um homem sentou-se ao seu lado, todo de branco, e lhe sorriu ternamente. Um médico, enfim! Silvia apontou a mulher sob o pneu, mas ele apenas meneou a cabeça sem dizer nada. "Ele não vai socorrê-la?" - pensou, desesperada. O homem sorridente se limitou a passar o braço ao redor de seus ombros, transmitindo-lhe uma sensação de grande conforto e paz.
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Cesar Cruz
Agosto 2009
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