sobre Albert Camus - comentário em blogue

Caro Pedro,

Aí está um autor que admiro. Acho que em companhia de Kafka e Cortázar, para mim, Camus é o melhor de todos os tempos. Li todos os três principais que você cita: O Estrangeiro, A Queda e A Peste.

O Estrangeiro é uma obra de arte. Simples, porém pungente, como vc diz. Aliás, é como a própria vida do Homem: simples, pungente e também efêmera, tudo ao mesmo tempo.

O mundo de Mersault é o nosso mundo; essa besteira que chamamos de vida. Incrível observar que as passagens da nossa vida, que, quando relatamos aos demais, com todas as cores que as tingimos, parecem muito importantes, relevantes, não significam nada. Coisas que, para um observador distanciado, poderiam ser grandes besteiras. O nosso pequeno e individual mundinho não é nada no frigir dos ovos. Somos um sopro, um suspiro sem importância no mundo. Cada um de nós...

Como disse João Cabral de Melo Neto, neste trecho:

"Não há guarda-chuva contra o tempo
Rio fluindo sob a casa
Correnteza carregando os dias
Os cabelos"

Lendo O Estrangeiro, sentimos isso tudo, como nunca. O tempo que nos engole, a efemeridade da existência, a fragilidade humana... Entendemos de uma forma única essas coisas todas.

Mersault é, ele próprio, um estrangeiro no mundo da gente. Mais: ele é um estrangeiro em sua própria pele.

Esse mundo cheio de significados, valores, exclamações, para Mersault é um mundo louco no qual ele não se acha, e não o compreende. Acho que este é o significado do título do livro. Dá para escrever um livro sobre este livro...

Para mim, ao lado de "Cem anos de solidão", "O processo", "Todos os fogos o fogo" e mais uma meia dúzia de preciosidades, O Estrangeiro é o melhor livro de todos os tempos.

Parabéns pela bela resenha!

abraço!
Cesar Cruz


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