Convido o amigo leitor a conhecer alguns obstinados combatentes, gente que integra um grupo que batizo, por conta própria, de A Resistência Subliterária. Se já não é fácil ser escritor no Brasil, um país que não lê, o que dizer de nós, os subescritores?
Dependemos mais do que nunca dessa gente dura, que verga mas não quebra, uma gente jovem (não necessariamente de idade, mas mais de espírito), que carrega a chama bruxuleante da literatura tupiniquim em meio à escuridão do funk-batidão, do Michel Teló, dos programas de auditório de todo o dia, e do vácuo cultural do Feicibuqui nosso (opa, meu não!) de cada instante...
Essa postagem é para divulgar e homenagear essas pessoas, que dão espaço a mim e a tantos outros escritores do submundo das letras.
Começo por um grupo de estudantes mineiros, Tassiana, Otávio e Danilo, alunos da cadeira de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, que criaram a revista mensal UM CONTO, que além de existir na Internet também é rodada no papel, com enorme esforço, cujos custos da edição, para serem pagos, dependem sempre da boa vontade de possíveis compradores (que pagam, quando topam, 1 real por exemplar. Adiantado). Pessoas que são garimpadas uma a uma pelo campus da universidade. Eu imagino com que dificuldade!
Apresento-lhes...
Outra iniciativa de primeira é a revista eletrônica TUDA, onde se pode ler isso, logo na página de abertura:
"da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta..."
É com essa riqueza poética, mas sem se levar muito a sério, que o editor da revista, Eduardo Miranda, que assina o editorial mensal como: 'o auto-proclamado editor' (numa nítida e irônica irreverência com o mundo da literatura, que pode ser, e geralmente é, como diria o Raul, ouro-de-tolo, um reduto de vaidades e soberbas vãs, já que não passam de esnobes astros, sem público algum), diretamente da Irlanda, onde trabalha e batalha a vida, leva mensalmente ao ar uma nova edição da TUDA, um revista recheada de contos, crônicas e artigos, espaço democrático onde se ombreia gente famosa e renomada, como um Roniwalter Jatobá, com zés-ninguém como eu, todos amigos e colaboradores desse irreverente e competente soldado da Resistência, que além de escrever inspiradíssimos editoriais a cada mês, se mostra também um às na arte de garimpar imagens esplêndidas e perfeitas para ilustrar os textos enviados.
Vale conferir!
O Mundo Mundano, vulgo MM, tocado por Camila Briganti, Tânia Tiburzio e um grupo de seletos bárbaros, é um portal de encontros da cultura com a contra-cultura, da literatura com o desenho, com a música, com a fotografia, cinema, enfim, com a Arte, seja ela de que tipo for.
O MM é um espaço para se ler os mais variados tipos de textos, sem censuras e preconceitos, de gente das mais diversas origens e opiniões. São tantos os parceiros e colaboradores (batizados de Mundanos), e tão bons os textos publicados ali nos últimos anos, que o MM já teve material para lançar não um, mas dois livros! Numa batalha para levantar recursos que você faz ideia.
Acesse para conhecer o extenso trabalho desse pessoal:
Como um meio para promover os escritores nacionais entre os falantes de língua inglesa, a brasileira Rafa Lombardino, que vive nos EUA, tradutora, se uniu a outras amigas também tradutoras e criaram em 2011 o site de literatura CBSS - The Contemporary Brazilian Short Stories.
Para um escritor monoglota como eu, foi uma honra ver um de meus contos ser traduzido por essas bravas e solitárias meninas. Sem dúvida, os meus dois livros ficaram bem mais charmosos sendo chamados de:
The Supressed Man e
The Age of Shame & Other Stories.
Não deixem de acessar o CBSS e ler algumas boas histórias brasileiras, em inglês:
O portal PÁGINA CULTURAL, que tem por maestros Sérgio Evangelista e Lilian Guedes, se assemelha bastante aos grandes portais de assuntos variados, não só no layout e na interface, como na diversidade de temas abordados e na maneira com que tudo é disposto. Os textos escritos pelos colunistas fixos são excelentes - modéstia a parte.
O PC conta com links que levam a ótimos sites e blogs culturais, alguns que viraram meus favoritos. Uma pena que os roteiros culturais propostos por eles sejam todos, apenas, em Minas Gerais.
Confira:
Há também veículos que não são propriamente combatentes das trincheiras das letras, mas contribuem abrindo espaço para que essa louca gente que escreve, mostre seu valor.
O Jornal do Cambuci & Aclimação, jornal de bairro verdadeiramente engajado nas questões referentes aos bairros que lhe dão o nome, tocado pelos meus amigos Roberto Casseb (fundador do jornal) e Ângela Marconato, e por outros tantos guerreiros (sim, guerreiros, pois não é fácil se manter vivo um jornal de bairro por 30 anos!) , abriu uma coluna semanal para mim, há exatos 4 anos, porta que nunca foi fechada.
Acesse o site, e se estiver pelo bairro numa sexta, pegue um exemplar na banca mais próxima!
Recentemente, há cerca de 1 ano, surgiu uma excelente revista na região da Vila Mariana, a ATITUDE. As edições são bimestrais, e o conteúdo e a qualidade física da publicação são de igual para igual com as revistas de grande circulação. Contam com um site completo e atualizado, que faz paralelo com a edição impressa, mas mantendo armazenado o conteúdo das edições anteriores.
Tive a alegria de colaborar, a convite da Patrícia Rangel (editora da revista) por duas vezes com a Atitude, nas edições de dezembro de 2011 e fevereiro deste ano, na seção Ponto de Vista, localizada na última página da revista - como é de praxe nas publicações brasileiras.
Tive a alegria de colaborar, a convite da Patrícia Rangel (editora da revista) por duas vezes com a Atitude, nas edições de dezembro de 2011 e fevereiro deste ano, na seção Ponto de Vista, localizada na última página da revista - como é de praxe nas publicações brasileiras.
Acesse o site e conheça:
Cesar Cruz
Junho 2012
4 comentários:
Olá, meu bom César!
Eu estou pensando numa forma de fazer com que viremos a mesa em favor das boas coisas da vida. Veja bem, há pouco mais de 1,5% de leitores regulares (no mundo inteiro). Há, portanto público (isso em números dá cerca de 105 milhoes de pessoas). Somando aos que compram livros apenas para enfeitar ou para ficar em paz com a consciência de sabidos, podemos dobrar para 3%. A chance está em tentar modificar seus referencias (dos restantes 97%). Estas iniciativas que ora você homenageiam já são um bom caminho e precisamos de mais, mais e mais. Penso numa grande mídia dedicada tão somente às artes, literatura, e afins, já que a cultura ocidental (e a oriental está no caminho) não desvia mais da rota do consumismo enquanto não acabarem de pilhar todo o planeta. Fora isso, não estou achando saída. O negócio é escrever, escrever e aguardar para ver se um dia viramos um Van Gogh das palavras, reconhecidos post mortem.
Brincadeiras à parte, louvo e parabenizo-o por esta importante valorização de nossa espécie.
Grande abraço. Paz e bem.
César, entendi o que Você quis dizer, mas discordo quanto a conceituação, pra mim "subliterário" é tudo aquilo que arranha a alma, fere a cultura, desafia nossa paciência e tenta afundar o que é nobre, procuro fazer minha parte, gosto de casos, causos, contos... mas tendo mais para a veia poética, embora mesmo nestes textos muito se encontra disso. Saio por ai perguntando quem escreve alguma coisa, seja o que for, não importa e tenho feito descobertas incríveis, então que sirva de incentivo. Faço questão de procurar os amadores das letras, não que deixe de reconhecer as boas obras dos renomados, mas prefiro. Então do lado de cá essa é nossa luta, e foi justamente por esta busca que lhe conheci. Por aí tem muita gente e coisa boa, muita mesmo: "quem tem olhos de ver que veja".
Abraços
xara - ipiranga - sp-sp
Prezado Cruz
Obrigado pela indicação e pelo reconhecimento. Estamos trabalhando para que nossa agenda um dia seja mais ampla, quem sabe, nacional.
Página Cultural
Salve César!
Como o próprio imperador que roubou seu nome pregava, expandir é a solução! Urbi et Orbi! E tem tanta coisa por aí que nem dá pra mostrar tudo... mas TUDA continua tentando!
Um grande abraço e obrigado pela homenagem!
Eduardo Miranda
O (auto-proclamado) Editor!
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