Antes que algum amigo gozador venha me acusar de estar apaixonado pelo dono da padaria, advirto: este é um artigo sobre a Língua Portuguesa, que suponho que será de pouco atrativo para quem não se interessa pelo assunto, mas que oferecerá garantidas risadas (e um bom aprendizado) para quem o ler até o fim.
Desde que comecei a escrever, há uns 10 anos, me vi encurralado e coibido. Por ninguém em especial, mas por uma percepção: eu precisaria aprender mais da Língua Portuguesa. Aprender não só para evitar o vexame de escrever errado, ou compor textos anacrônicos e de estrutura desarticulada, mas também para fazer mais claras e eficazes as minhas mal traçadas.
Quem lê e escreve bastante, ainda que desconheça as regras da língua, por mera absorção, percepção e sensibilidade vai, gradualmente, escrevendo cada vez melhor e cometendo menos erros. É um fenômeno interessante, esse. E aconteceu comigo.
É claro que também contei, ao longo do tempo, com a ajuda de amigos que fui fazendo no mundo das letras, gente com conhecimento maior que o meu, pessoas que me ensinaram e me ensinam muito ainda. O amigo e escritor Gabriel Fernandes que o diga.
É claro que também contei, ao longo do tempo, com a ajuda de amigos que fui fazendo no mundo das letras, gente com conhecimento maior que o meu, pessoas que me ensinaram e me ensinam muito ainda. O amigo e escritor Gabriel Fernandes que o diga.
Percepção, sensibilidade e apoio de amigos mais sabidos são ferramentas ótimas para se evoluir no conhecimento da língua, mas que levam você só até um certo limite, limite que de repente eu me vi precisando ultrapassar, já que em dado momento eu estava me arvorando a corrigir textos de amigos e familiares, que começavam a me pedir uma "forcinha na revisão".
Fui estudar Letras. Não só. Mergulhei também, por conta própria, no estudo do idioma. De nariz enfiado nos livros dos melhores autores modernos (já que é pra aprender, busquemos nas melhores fontes), venho estudando, diligentemente, dia após dia.
E assim o Português, a última flor do Lácio, inculta e bela, como disse Olavo Bilac, virou uma paixão na minha vida. O professor Cláudio Moreno, de quem sou fã (protagonista deste artigo, como se verá adiante), diz que "a delicada tapeçaria da Língua Portuguesa subitamente começa a tomar forma para você". Verdade! Coisas que eram intrincados mistérios, hoje compreendo com clareza; mas ainda há muito o que aprender...
E assim o Português, a última flor do Lácio, inculta e bela, como disse Olavo Bilac, virou uma paixão na minha vida. O professor Cláudio Moreno, de quem sou fã (protagonista deste artigo, como se verá adiante), diz que "a delicada tapeçaria da Língua Portuguesa subitamente começa a tomar forma para você". Verdade! Coisas que eram intrincados mistérios, hoje compreendo com clareza; mas ainda há muito o que aprender...
Contudo, sempre que a gente começa a aprender alguma coisa a fundo, vai se dando conta de que há impostores disfarçados de especialistas infiltrados no meio. Gente que, logo se percebe, deveria estar estudando, quietinha e modesta, já que detém, quando muito, conhecimento superficial; mas está se metendo a ensinar e corrigir os outros, com dedo em riste, verdadeiros fiscais. Uma semelhança entre a língua portuguesa e a religião talvez seja justamente essa: ambas são ópio para algumas pessoas.
Dentre os pseudoespecialistas-fiscais, há uns ainda mais radicais, definitivamente arbitrários, ferrenhos defensores de uma certa língua dita culta, que repudia as diversas variações do Português e da linguagem usadas no nosso país, tão grande e tão diversificado. Para mim, essa ideia de que alguém é capaz de defender a variação culta do idioma (como se não for ele a fazê-lo, o idioma será destruído) me soa ufanista. Esses defensores dessa suposta sã doutrina linguística nada mais são do que radicais e fundamentalistas, quase religiosos, gladiadores de uma guerra inexistente, com inimigos imaginários, inventada por eles próprios. Aos interessados no tema, recomendo a leitura de Preconceito Linguístico, de Marcos Bagno. O mais curioso é que desse grupo de pessoas não fazem parte os verdadeiros conhecedores do assunto, que em geral são moderados, maleáveis e dados ao diálogo — como são todos os verdadeiros conhecedores.
Para encurtar, encerro deixando abaixo um hiperlink que levará o leitor ao site do professor doutor Cláudio Moreno, de quem sou fã, como já dito acima, mas não expliquei o porquê. Explico agora: Cláudio Moreno é de uma geração depois da de Celso Pedro Luft, Celso Cunha, Antônio Houaiss, Evanildo Bechara e outros grão-mestres da Língua Portuguesa, mas está adiante, em tempo de cátedra, na qualificação acadêmica e nos anos de formado, de conhecidos professores, como Sérgio Nogueira (aquele da Globo), o já há muito famoso professor Pasquale, entre tantos outros, gente que, junto com Moreno, vem, há décadas, labutando no ofício do rude e doloroso idioma — olha o Bilac aí de novo.
Dentre os pseudoespecialistas-fiscais, há uns ainda mais radicais, definitivamente arbitrários, ferrenhos defensores de uma certa língua dita culta, que repudia as diversas variações do Português e da linguagem usadas no nosso país, tão grande e tão diversificado. Para mim, essa ideia de que alguém é capaz de defender a variação culta do idioma (como se não for ele a fazê-lo, o idioma será destruído) me soa ufanista. Esses defensores dessa suposta sã doutrina linguística nada mais são do que radicais e fundamentalistas, quase religiosos, gladiadores de uma guerra inexistente, com inimigos imaginários, inventada por eles próprios. Aos interessados no tema, recomendo a leitura de Preconceito Linguístico, de Marcos Bagno. O mais curioso é que desse grupo de pessoas não fazem parte os verdadeiros conhecedores do assunto, que em geral são moderados, maleáveis e dados ao diálogo — como são todos os verdadeiros conhecedores.
Para encurtar, encerro deixando abaixo um hiperlink que levará o leitor ao site do professor doutor Cláudio Moreno, de quem sou fã, como já dito acima, mas não expliquei o porquê. Explico agora: Cláudio Moreno é de uma geração depois da de Celso Pedro Luft, Celso Cunha, Antônio Houaiss, Evanildo Bechara e outros grão-mestres da Língua Portuguesa, mas está adiante, em tempo de cátedra, na qualificação acadêmica e nos anos de formado, de conhecidos professores, como Sérgio Nogueira (aquele da Globo), o já há muito famoso professor Pasquale, entre tantos outros, gente que, junto com Moreno, vem, há décadas, labutando no ofício do rude e doloroso idioma — olha o Bilac aí de novo.
Na minha modesta opinião, opinião de aprendiz diário desta que o poeta chamou de esplendor e sepultura, Cláudio Moreno é melhor que todos os outros. Moreno detém um sólido e profundo conhecimento da língua, de suas origens, das obras dos escritores clássicos e um claro panorama da evolução do Português ao longo dos séculos. Além disso, tem ele a peculiar e excepcional capacidade de mesclar conhecimento técnico e cultura linguística a humor, ironia e sensibilidade, o que deixa seus textos atraentes e gostosos de ler. Seus livros (tenho todos) ensinam e ao mesmo tempo matam a gente de rir. Recomendo-os fortemente para quem quer aprender a língua de fonte seguríssima.
Segue o hiperlink mencionado. Nele o professor responde, de forma elegante, apimentada na fina ironia, como ninguém mais seria capaz de fazê-lo, a uma carta nada gentil de uma dessas "especialistas da superfície", que parece integrar o grupo dos mais realista que o rei, dispostos a matar em defesa de seus estranhos e inconsistentes dogmas. Radical e incisiva, essa ainda teve a petulância de não só confrontar, mas também ofender um professor com mais de 45 anos de Língua Portuguesa no currículo.
Depois do excepcional sabão que levou, a nossa mocinha aí da carta deve ter se mudado para Quixeramobim, como diria o Chico Buarque.
Aprenda e morra de rir lendo...
"Por" para indicar autoria
Abraços
Cesar Cruz
Créditos:
Conheça Cláudio Moreno
Blog do escritor Gabriel Fernandes
3 comentários:
Então rapaz, melhorei meu português, que não é o da padaria nem parente, por conta de muita leitura da doutrina que adotei, mas, mesmo assim, tenho todos os dias, sem falhar, alguma duvida a respeito mas o máximo que fazemos é consulta ao dicionário, que já não deixa de ser algo mais não é mesmo? Mas considero essa língua maravilhosa e extasiante embora eu não me dedique a ela pelo tanto que a admiro, então é isso, "é nóis"...
abraços
xara - sp-sp
Agradável prosa, como sempre.
Abração!
;-)
Querido Sensei Cesar.
Obrigado por compartilhar, recebi seu email, com link pra este texto.
Me fez lembrar do seu divertido livro de crônicas (a idade do vexame).
AbraçOSS!!
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