CRÔNICA DO LANÇAMENTO DO LIVRO



Um amigo me liga.


– Cesinha, como a gente é amigo vou te falar uma coisa, posso?

– Claro! – eu digo.

– Tô vendo no feici vc fazendo anúncio do lançamento do seu livro e queria te dizer que tem uma coisa aí que não pega bem...

– Fala logo, homem.

– Você dizer coisas como “cancele o aniversário! Não viaje! Não deixe a avó morrer!”, essas coisas...

– Queque tem?

– Muito incisivo, sabe? Pega mal, parece desespero.

– Mas é desespero. Só tô sendo fiel ao meu pânico.

– Mas você falar pra pessoa deixar um aniversário pra lá, um batizado, não buscar o irmão no aeroporto... é maus! Periga de dar raiva nas pessoas e aí elas não vão!

– Ué, mas se o cara vai viajar, ou vai num outro compromisso, já não iria mesmo, certo?

– Certo...

– Então eu viro pra ele e digo: “não viaje! largue esse aniversário pra lá! Vá no coquetel do Cruz!”. Sacou? Abro uma chance do cara pôr a mão na consciência e ver que o coquetel do meu livro é o melhor do melhor.

– Mas você não acha que como escritor você deveria se posicionar de forma mais sutil, elegante, menos dura?

– Se eu for sutil, elegante e macio acabo sozinho lá no coquetel.

– Bom... de certa forma vc tem razão...

– Mudando de assunto: não se atrase pro lançamento, hein?

– Sabe que é... 

– Quê?

– Vou viajar... já tava marcado e...

(Não durma no ponto! Cancele tudo! Leve o primo fazendo aniversário e o bolo pra livraria! Faça o churrasco lá!)

Nenhum comentário: