E atenção!
Milhares de casos de contágio por S.P.A. foram diagnosticado em toda a cidade de São Paulo!
A comunidade médica ainda não sabe se a disseminação é bacteriana, viral, fúngica, ou causada por outros agentes que se instalam e ocasionam os distúrbios de homeostasia identificados nos enfermos. O período de incubação também é desconhecido, assim como a forma exata de transmissão. Sabe-se, porém, que os hospedeiros são em sua maioria da classe remediada paulistana e que a doença vem crescendo em intensidade e agressividade nos últimos doze meses no Município.
Ainda não foram registrados casos de óbito, mas já se fala em epidemia. O que se sabe, ao certo, é que os hospedeiros cujos organismos forma infectados, apresentam os seguintes sintomas:
-
Primeiros dias: vontade incontrolável de visitar as superpadarias do bairro.
-
Segunda semana: o infectado transmite a doença ao seu conjugue e às crianças. Todos passam a sentir a mesma compulsão.
-
Três semanas depois: aos sábados e domingos, a família inteira já come beirutes, pães com manteiga na chapa, bolinhos de bacalhau ou almoça (por quilo) em padarias de bairros vizinhos.
-
Ao fim do primeiro mês: a conta residencial de gás cai 90%. Os enfermos adquirem uma tonalidade amarelada. Além de almoçarem, passam a jantar sinistras sopas com pão italiano e a tomar suspeitos cafés da manhã com bacon, ovos e pães doces.
-
Nas raras vezes em que estão em casa, circulam pela cozinha de olhos vidrados, com bandeja, prato e talher na mão a procura do bufê e da balança.
-
Após dois meses: o doente já anda por toda a região metropolitana à cata de padarias gigantes; passa a acompanhar as obras das novas lojas e a comunicar os andamentos aos amigos convalescentes.
-
Ao cabo de um trimestre: as compras do mês são feitas na padaria ao invés de no supermercado. Dormem nos carros, nos estacionamentos. Famílias começam a sair da cidade em longas viagens para localizar novos estabelecimentos.
-
Fim do primeiro semestre: o moribundo assume tonalidade acinzentada. Passa mais horas na megapadaria do que em casa ou no trabalho. Assiste às novelas e jogos nos telões e já conhece todos os portugueses pelo nome. Surge a necessidade de arrumar um emprego noturno. Perde-se o emprego diurno.
-
Casos mais graves: a residência da família é vendida em razão do desuso e o dinheiro é investido em croissants, vale-almoços e conveniências diversas.
Senhor munícipe, todo o cuidado é pouco! A Síndrome Panificante Adquirida ainda não tem cura! Os médicos recomendam não adentrar padarias com dois andares ou com pinta de shopping center. Aconselha-se, inclusive, nem mesmo dirigir-lhes o olhar ao passar por elas em seu trajeto diário.
-------------------
Cesar Cruz
Out/ 08
.
11 comentários:
Amor,
Vc só esqueceu de avisar aos leitores que já estamos contaminanos!!
Bjs,
Van
hahahahahahahahahahah
Muito boa Cesinha!!
Será q ta tudo bem com agente?
Só pq às 2:30 da madruga de uma quinta-feira fomos comer uma "coisinha" na padoca????
Ana Zappi
Muito bom, meu amigo. Você pôs o dedo no... na ferida da classe média, digamos assim. As pessoas adoram estar na moda, na onda, e não percebem, muitas das vezes, o ridículo dos hábitos que adquirem impensadamente. Por falar nisso, aguardo seu convite para um outro café na padoca aqui do bairro. Abraço, Gabriel.
Xiiii... eu e minha senhora estamos contaminados e não sabíamos! Nós não saímos mais da City Bread aqui no centro de Guarulhos. Lá tem bifê, telão, café da manha, jantar, livraria, roupas e por ai vai...
Vou entrar em quarentena!
Henrique
Bem, bem... o amigo gabriel não quis dizer, mas o vosso dedo foi mesmo colocado "lá". HAHAHA!
É... classe média é babaca mesmo. Continuam saltando de moda a moda e embarcam em qualquer beteira que faça os sentir vips.
abraços Erik, Aclimação
Cruz, não sei o que é pior, eu não ter pego a doença, ou descobrir que nem classe média eu sou!!!
Ficarei atento ao ÉBOLA de bigodes, ó pá!!!
Baxo
Oi César,
Como sempre muito adequadas e bem escritas.
É isso mesmo que estamos vendo acontecer. Mas é uma delícia, não? para se fazer de vez em quando, certo ?
Ainda não estamos eu e Paulo contaminados, mas todo cuidado é pouco. O PJ e FG não sei ...
Pensando bem, não é só uma delicia, é uma gostosura ser servida com tudo fresquinho, aos sábados e domingos, em vez de se ir para a cozinha, preparar tudo para ser consumido em 15 minutos...
Falou aqui uma vetusta e veneranda senhora através de sua experiência ha ha ha.....
Beijos a vocês.
Carolie e Paulo
Eu tenho isso!! SPA.. então é esse o nome da minha mais nova doença!!
Tem vacina?
Silvio
Cesar,
Foi uma boa surpresa descobrir os seus ‘causos’.
Li alguns (na verdade, li apenas 6) e não posso deixar de destacar o valor das boas memórias que eles trazem, resultado de um incisivo olhar sobre a cidade, as pessoas e os fatos.
Ah! Em casa também aprendi a ter o gosto pela leitura, a freqüentar bibliotecas, a depurar gostos e saberes e a usar uma ‘Olivetti Lettera 22’ que ganhei de meu pai quando entrei na faculdade, no final dos anos 70.
Parabéns mais uma vez pelos ‘causos’.
Só preciso aprender mais a navegar entre os ‘blogueiros’.
Por fim, também acho cedo para entrarmos em clima de final de ano.
Abraço,
Carlos
Oi Cesar põe a mão na massa e faz o pão de cada dia, ah aceito o convite pra degustação.
bj
leila
Olá !!
Xiiiii!!! dá pra falar no reservado !!rsrsrrsssss....
Meus sintomas ainda estão fraquinhos....só aos fins de semana...rsssrrsrsrs!!!!
Mas será que aquele pão de queijo meio...diferente....já é sintoma de perda de prática ???!!!
Maravilha !!!
Bjs.
Márcia
Postar um comentário