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Carta publicada no Jornal da Tarde - JT.
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Aloisio Cruz nesta série de cartas ao jornal - período de 1988 a 1990 - auto-intitulava-se simplesmente: A.C, Capital., e sempre começava da mesma forma: "Sr.: "
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Sr.:
Gostaria de informar ao senhor, e tantos quantos o JT lerem, que isolei o vírus da inflação. Foi por acaso. Pesquisando um velho livro de História do Brasil, verifiquei que Dona Maria I aumentou os gastos do seu reinado de maneira brutal e despropositada.
Aí, para zerar o rombo do seu caixa, a real senhora ordenou que, em todo o Reino e Algarves de lá e d'além mar, se aumentasse ao máximo insuportável todos os impostos - diretos e indiretos - sobre tudo o que o povo produzia, comprava, vendia, comia e bebia. Tal gesto ficou conhecido como "A derrama" e tal senhora foi qualificada como "A louca".
Foi uma injustiça, porque a pobreza da medicina não podia determinar que tal gesto era a primeira manifestação do vírus "inflatiunários indigestus" que se abatera sobre s. majestade e, a partir daí, foi caindo sobre todos os governos brasileiros e aparentados.
Então, o que peço ao Jornal da Tarde é avisar aos excelentíssimos senhores professores doutores, médicos do Planalto, que o sr. presidente está muito doente. Tonturas, vacilações em decisões, enxaquecas, desejo de ficar sozinho em sítios, ciclotimia quanto ao estado da União, desejo de fritar assessores, necessidade incrível de agradar amigos e correligionários são os principais sintomas que caracterizam a síndrome provocada pelo vírus.
Agora um alerta: o paciente não morre; o povo que o cerca sim.
Como estavam faltando páginas no livro, não consegui saber o que de fato ocorreu com Dona Maria. Com os seus governados, só como exemplo, um deles foi enforcado e esquartejado que nem boi gordo.
Taí minha tese. Desafio o Celso Ming e o Marco A. Rocha a refutá-la. E exijo copyright, com correção monetária.
A.C., Capital.
Jornal da Tarde - Terça-feira, 12 de julho de 1988
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