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Crônica publicada no Jornal do Cambuci & Aclimação*
Edição nº 1129 - sexta, 15 de maio de 2009
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Num sábado recente, minha sogra teve de trabalhar, e o João Vitor, meu cunhadinho de pouco mais de 1 ano e meio, passou o dia conosco. Fomos ao zoo e depois almoçamos no shopping.
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Lá pro final da tarde, estávamos sós, ele e eu, assistindo à TV na sala, sentados no sofá. A Vanessa e a Michele, vencidas pelo cansaço, dormiam no quarto. De repente, o João se virou pra mim e indagou:
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- Cadê mamãe?
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- Ela está trabalhando, João.
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Ele ficou me olhando. De alguma forma a resposta pareceu não satisfazê-lo.
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- Cadê mamãe?
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- Hoje ela teve de trabalhar, João, por isso não está aqui com a gente.
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Ele voltou a assistir ao desenho. Dali a poucos minutos...
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- Cadê mamãe?
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- João, ela teve que trabalhar hoje, é por isso que você está passando o dia com a gente, entendeu?
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Ele me olhou sem expressão alguma. A boca, um mero risquinho horizontal; os olhos redondos e atentos nem piscavam, pareciam aguardar mais explicações.
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- Cadê mamãe?
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Poxa! Eu estou subestimando o João! - pensei - Um garoto tão sabido como ele não irá mesmo se contentar com respostas tão rasas como essas! Está claro que ele quer saber detalhes: a que horas irá rever a mãe, qual o motivo de uma pessoa ter de trabalhar num sábado...
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- João, a mamãe foi trabalhar hoje, pois os chefes lá do trabalho dela pediram para os funcionários reavaliarem alguns dados e arrumarem alguns arquivos, coisa incomum por lá, mas que às vezes eles resolvem fazer...
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Enquanto eu falava, ele me observava compenetrado, com a boca de risquinho e os olhos redondos. A expressão era de quem absorvia tudo. Talvez fosse impressão minha, mas ele parecia até mover ligeiramente a cabeça para cima e para baixo, em concordância, como quem pensa: “Agora sim! Finalmente uma explicação satisfatória!”.
Prossegui:
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- ...dessa forma, a coisa toda ficará certa para que quando a semana comece, tudo esteja organizado. Daqui a pouco, às seis horas, eu, você, a Van e a Michele iremos buscar a mamãe. Depois vamos todos pra sua casa contar pra ela dos bichos que vimos do zoológico, tá bom?
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Uma luz de satisfação pareceu iluminar seu rostinho. Ele voltou ao desenho animado, finalmente satisfeito. Menino inteligente esse João!
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Ficamos por alguns minutos em silêncio assistindo à TV. Ele riu e grunhiu algo sobre o monstro que corria atrás do frango. Então se virou pra mim e perguntou:
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- Cadê mamãe?
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Cesar Cruz
Maio 2009
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* créditos dos parceiros no rodapé do blogue.
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14 comentários:
Adorei! Fico imaginando aquela carinha dele perguntando...
Ri muito!!
Bjs,
Van
Você não pediu, mas seguem minhas revisões. Não vou exigir café em troca. Está muito legal. Divertido.
Abraço
Gabriel
Rárárárárá! Rapaz, me debulhei de dar risada!
abç, Wilson
Bom dia Cesar,tudo bem?
Crianças nesta idade sao fantasticas, elas absorvem todo o conteudo que falamos mas nao tem ainda desenvolvimento suficiente para compreender a situação em um todo, isso porque até os 07 anos as crianças sao egocentricas e pensam que tudo gira em volta delas, após essa idade eles começam ter outros tipos de desenvolvimento mental a qual vao se desvinculando deste egocentrismo.
Vou te dizer uma coisa.....
Quando estiver fazendo meu TCC da faculdade vou pedir sua ajuda, pois sua fã de sua escrita.
Bjs e otima semana para todos.
Elaine
Poxa vida Cesar! Isso é uma crônica! Parabéns! Simples e divertidíssima.
abraços apertados de quem sempre te lê,
Gilson Branco
da "Climação"
Que criança fofa!!Imagino a carinh dela perguntando..."Cadê mamãe?"
Adorei a crônica...parabéns!
Bye..bye
Ah que coisinha mais linda esse João Vitor, eu amo criança e fiquei aqui imaginado a carinha dele enquanto te ouvia.
Beijinhos meus pra ele.
Abraço pra ti meu amigo.
Tenho um selo pra vc!
Tenho netos nesta idade e a reação deles é fantástica.
Mas há um lado triste que sua história me lembrou. De meu pai que já está com 89 anos de idade e perdeu completamente a memória recente. Ele, infelizmente, tem este tipo de comportamento. Pergunta a mesma coisa dezenas de vezes e se esquece que já lhe respondemos.
Mas vamos deixar o lado triste e lembrar do lado alegre que as crianças nos proporcionam.
Um grande abraço.
Olá, Cesar, o causo e a maneira que contas é muito gostosa; o papo da criança com o adulto.
Mas... acabei analisando o comportamento do adulto! E achei genial. Peço desculpas ao sobrinho!
Um grande abraço
tais luso
Olá, Cesar, tudo bem? Fique feliz com seu comentário lá na resenha que fiz do livro "Trilogia suja de Havana" no meu blog. Sua cronica ficou bacana também. Vou passar mais por aqui. Quando tiver tempo passe lá tb, tenho outras resenhas de Henry Miller, Bukowski, Homero, Allen Ginsberg, etc.
Grande abraço
Fred
Oi, Cesar!
Crianças são mesmo ótimas! Tentar estabelecer um diálogo coerente com elas então, nem se fala. Nós é que parecemos viver em um mundo paralelo. :)
E o causo do Casamento de Verônica... Poxa, segredo, né! hehe Mas sim, tudo verdade (lê-se ficção).
Um abraço.
OIÊÊ CESAR!
ACABEI DE LER A SUA CRÔNICA NO JORNAL DO BAIRRO QUE MINHA MÃE ME EMPRESTOU PARA LE. MUITO BOA E MUITO DIVERTIDA! PARABÉNS! CONTINUE ESCREVENDO LÁ PORQUE AQUELE JORNAL É MUITO CHATO E NÃO TEM NADA QUE GENTE DA MINHA IDADE GOSTA.
BEIJO PRISCILA LOPES
11 ANOS
BAIRRO CAMBUCI
Oi Priscilinha!
Que bom que você gostou! E que bom que veio até o meu blogue só pra me responder! Continue lendo que é muito bom! Quem começa a ler na sua idade fica muito mais sabida e inteligente quando crescer!
Meu pai, que já morreu, sempre dizia que "quem lê vale por dois". Lembre-se disso, tá?
bjão
Cesar
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