Cartas de leitores

Crônica publicada no Jornal do Cambuci & Aclimação*
Outubro de 2010
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Sei lá por que cargas d’água, de uns tempos para cá alguns leitores do jornal passaram a me remeter inusitadas perguntas. Vamos a algumas das que recebi e respondi (os nomes reais foram preservados).


DANILO pergunta: Senhor Cruz, minha mãe implica comigo dizendo que comer bolachas recheadas mergulhadas no leite de manhã, enquanto assisto TV, pode me fazer engordar, mas eu adoro! Além do mais, tenho 29 anos e nunca fui gordo, fora que, à tarde, na academia, ando na esteira por 1h e faço 2h de musculação. O que o senhor acha? R: “Eu acho que você precisa trabalhar, Danilo. Tra-ba-lhar, está me ouvindo?”

FERNANDA: Cesar Cruz, gosto muito das coisas que você escreve para o Mundo Mundano. Por ser uma pessoa de letras, culto, portanto, considero-o capacitado a me orientar: devo acreditar em superstição? R: “Fernanda, garanto a você que não. Superstição é besteira. Esqueça isso. E além do que dá um azar danado. Isola na madeira.”

DONA LOURDES me pede, logo de cara: Meu filho Marcelo está usando drogas, o senhor poderia, por favor, dizer a ele para parar de usar drogas? Quem sabe o senhor ele ouve! “É pra já, dona Lourdes. Marcelo, por favor, pare de usar drogas.”

SEU SINÉSIO: Tenho 86 anos, e fiquei viúvo pela terceira vez. Agora estou com uma nova namorada, ela tem 21 anos. Meus filhos estão preocupados e me chamaram para dizer que, nessa idade, o sexo pode ser fatal. O que o senhor pensa disso, Seu Cesar? R: "Ora, Seu Sinésio! Não dê tanta atenção à opinião dos seus filhos. Isso de sexo ser fatal é relativo, além do mais, se a mocinha morrer, morreu"

JOSÉ FIRMINO: Seu Cruz, estou com um pobrema. Não sei escrever asterístico. O senhor que é escritor pode me ajudar? “José Firmino, você não tem um, mas dois problemas. Dois, Zé. Dois.”

TIAGO: (6 anos): Sonhei que fui te chamar na sua casa pra gente jogar bola na rua, mas sua mãe disse que você estava estudando. R: “Ah, Tiago, você devia ter insistido! O livro aberto era só fingimento, eu estava mesmo era vendo televisão escondido da mamãe”

CLAUDINHO: A minha mulher tem um amante e acha que eu não sei. Eu, como já estou desempregado há dois anos, prefiro fingir que não sei mesmo. Em compensação lá em casa não tem faltado nada: geladeira sempre cheia, despensa abastecida, a criançada na escola particular... Ela está até me dando uma mesadinha e prometeu trocar meu carro. O problema é que acho que meus amigos sabem, e têm me olhado de forma esquisita ultimamente. O que você faria no meu lugar? R: “Claudinho, eu, no seu lugar, me afastaria imediatamente desses amigos invejosos. Imediatamente!”.

JORJÃO: Sou ex-presidiário. Cumpri pena de 10 anos por ter matado um patrão que me contrariava. Agora estou livre e quero trabalhar. O que você acha? R: “Jorjão, às vezes a gente mata um mesmo, isso acontece. Até porque mais dia menos dia ele ia acabar morrendo, você só adiantou um pouco as coisas"

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Cesar Cruz

Out 2010

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