Coloque
um homem franzino e fraquinho diante de uma porta sólida, de madeira de lei,
uma porta que ele jamais conseguiria vencer. De repente, por debaixo daquela
porta começa a sair fumaça e alguém grita “É fogo!”. Então o homem se dá conta
de que presos do outro lado estão seus filhos. E aí já não importa mais se ele
é franzino e fraquinho, porque ele vai derrubar aquela porta. Agora ele não é
mais um homem, é um monstro, um gladiador gigantesco! Nada mais importa para
ele debaixo do Sol, nem a sua própria vida. Seu inimigo não é ninguém além daquela
porta, que certamente tombará. Seja de pedra, seja de aço.
Então num jogo como o de hoje cada
um daqueles jogadores não é mais um jogador. É um guerreiro, um guerreiro que
erguerá a clava forte, se agigantará e lutará até que morra se preciso for,
como manda o Hino. E podem lhe arrancar uma perna, podem lhe perfurar um olho, podem
lhe desfigurar a face e rasgar sua carne, ainda assim ele enfrentará cada um
dos minutos que restam, suará até que se esvaia a última gota, sangrará até que
lhe pingue o último pingo de sangue, até que lhe aponte o último osso exposto
por debaixo do couro, até que seus dentes sejam quebrados pelo inimigo e que
seus órgãos se liquefaçam, ainda assim ele enfrentará seu destino como um homem
que veste um elmo e puxa duma espada, e mesmo quando suas forças ameaçarem
abandoná-lo, com um brado retumbante ele se reerguera com uma energia que não
se sabe de onde tirou, com a dignidade do filho que não foge à luta, e será com
esse espírito que avançará até que a morte enfim o vença, e se de fato ele
morrer morrerá sem que ninguém dele se envergonhe por uma batalha não batalhada.
E se isso vier a acontecer, por ele serão entoados em uníssono por todo um povo
cânticos de honra sobre sua sepultura. E se porventura ele vier a sobreviver,
ainda que deixe o campo de batalha mutilado, se arrastando com os cotovelos e
deixando um rasto de sangue pela grama, ainda assim o fará orgulhosamente,
heroico, e sua coragem e glória resplandecerão, gigante que é, pela própria
natureza.
Foi esse espírito que faltou para
a Seleção Brasileira de Futebol hoje na Copa da Rússia, dia 6 de julho de 2018.
Que pena.
Cesar Cruz
jul 2014
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