Mas não prenderam os pichadores de verdade

Carta publicada no Jornal da Tarde - JT.

Aloisio Cruz nesta série de cartas ao jornal - período de 1988 a 1990 - auto-intitulava-se simplesmente:

A.C, Capital., e sempre começava da mesma forma: "Sr.: "

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Sr.:

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Lendo o JT do último dia 20, verifiquei que a dona Aldaíza, secretária da dona Luíza, detonou a Operação Prende-Pichador. E o governo do PT, tão articulado e organizado, se deu até ao trabalho de levantar o perfil sócio-econômico do dito cujo! A aí, lamento muito, o PT errou.

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E era tão fácil montar o perfil do pichador; bastava consultar-me ou a qualquer outro cidadão que ama São Paulo. Diríamos a dona Aldaíza que, ao contrário do que ela afirmou para a reportagem, os pichadores são em sua maioria canditatos a vereador, deputado estadual e federal, governador, senador; são também membros da CUT, sindicatos os mais variados e muitos - precavenha-se dona Aldaíza! - estão infiltrados no próprio PT. São maiores de idade, estudados - pasmem! -, auxiliares de si mesmo e serventes de suas ideologias emporcalhantes.

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E mais: não moram na periferia, freqüentam as Câmaras, Assembléias e até o Congresso Nacional!

Assim, para saber mais das suas características e o que os motiva é simples: envie um pesquisador àqueles locais e ele apurará dados até da alimentação de cada entrevistado, o que ele faz - ou não faz - na vida, por que picha em época de eleições etc. etc.

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A sra vai ver, dona Aldaíza, que prendeu as pessoas erradas. E o menino, cuja foto saiu no JT, defendeu-se muito bem ao dizer que "a gente não estava roubando..."

Será que os outros pichadores, aqueles de maior idade, poderão dizer o mesmo? Sei não... sei não...

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A.C., Capital

Jornal da Tarde - Terça-feira, 13 de fevereiro de 1990

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