Peixes - Óleo sobre tela - França, 1947
Henri laurent Yves Carrières - radicado no Brasil desde 1952
Publicada no:
Jornal do Cambuci;
Página Cultural;
TUDA
Mundo Mundano
panhei
minha filha na escola e fui dirigindo pra casa. De repente, sem preâmbulo
algum, ela lá da sua cadeirinha me solta a intrigante frase que dá nome a esta
crônica. Olhei pelo retrovisor e ela agora observava a paisagem, como quem fez
apenas um comentário sem importância, desses que fazemos quase que pra gente
mesmo, pensando alto: “Amanhã tenho consulta...”, ou qualquer dessas coisas do
dia-a-dia que, quando escapam do pensamento da gente e ganham som na nossa voz,
não são para serem postas à prova por quem quer que seja, são só para se ouvir
e esquecer.
Ainda
assim, diante da transitividade da frase, indaguei-a para ver se descobria o enigmático
complemento daquele objeto:
“Filha, o
Hugo pegou um peixe e fez o quê?”.
Talvez
ela até tenha me respondido, mas se fez confesso que me distraí e não ouvi, ou
talvez eu tenha inconscientemente descartado a questão de antemão, acreditando
que poderiam ser personagens de algum desenho, talvez um desenho chamado “Hugo
e o Peixinho”, já que aos 4 anos as crianças vivem em um mundo que mistura o lúdico
com o real. E eu, como sou dono de uma sólida ignorância para desenhos
animados, acabei que me esqueci do assunto.
E uns
vinte dias se passaram depois daquilo...
O amigo
leitor veja como nossa negligência às vezes pode custar vidas, como de fato
custou. Se eu tivesse dado a devida importância ao que tentou me alertar a
Michele naquele dia, poderia ter evitado um dos maiores peixecídios (Genocídio
de peixes) que já se teve notícia no bairro do Cambuci.
Sexta
última, a Vanessa me disse: “Você nem sabe! Hoje quando fui pegar a Michele havia
uns funcionários montando uma cerca em volta daquele laguinho que fica ao lado
da recepção da escola.”
“Ué, pra
quê?” - perguntei.
“Pras
crianças não se aproximarem mais. Você acredita que um amiguinho da Michele, o
Hugo, quando nenhuma professora estava olhando, se agachava ali, pegava um peixinho
e guardava na mochila? Parece que ele pegou mais de 15 peixinhos nos últimos
dias! E em casa, escondido da mãe, ele guardava os peixinhos bem quentinhos dentro
de uma gaveta”.
Cesar Cruz
Agosto 2012
3 comentários:
rapaz, rapaz, Você tá vacilando, o papel invertido já quase lhe custou a vida, agora essa? Desse jeito Você vai arder nas brasas do ... vai procurando vai... que um dia acha.
abraços - xara
ipiranga - sp-sp
ah! a sobrinha da Soraia também esses dias foi na praia com os pais, pegou um caranguejo e abriu no meio, depois deu as duas partes para o pai e disse: papai conserta... pelo menos nesse casa do pobre coitado já estava extinto né?
xara.
Me lembrou quando a D. Stella resolveu dar os meus hamsters na escola, lá na entrada do Dante, devido à superlotação lá em casa... enquanto ela dava os bichinhos, eu atirava pedras nos presenteados... não entendi porque tanta maldade comigo!
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